Matiello Faz Aniversário
Há 6 anos
É proibido utilizar o corredor no trânsito. Isso é lei.
Quando você muito benevolente até admite que alunos pobres tenham alguma vantagem, mas acredita ser racismo conceder cotas para negros ou outros grupos étnicos eusa até os dois negros que você conhecem que conseguiram entrar numa universidade pública sem as cotas, como exemplo de que a questão é puramente econômica e não racial, eu não me comovo. Na verdade, eu sinto uma leve vontade de desistir da raça humana, eu confesso, mas só para manter o estilo do texto eu preciso dizer que o que me comove é olhar para o restante da sala de aula onde esses dois negros que você citou estudam e ver que os outros 48 alunos são brancos. E olhar para as estatísticas que mostram a composição étnica da população brasileira e contatar a abissal diferença dos números. É sobre os negros que não estão nas universidades que estamos falando, não sobre você ou seus amigos.Miguel Angelo
Fui, ontem, ver a refilmagem do filme “Guerra dos Botões”, de 1961, uma ficção que se passa no sul da França em 1960, isto é, dentro do período em que acontecia a guerra de independência da Argélia, então ainda possessão francesa.O filme é todo envolto de uma aura de inocência numa luta de dois grupos de meninos; falsa inocência, pois fica patente que uma facção é “boa” e a outra, “má”. É a velha dicotomia hollywoodiana mocinho x vilão, fórmula que dá bilheteria e alimenta os sonhos da indústria bélica ao fazer a cabeça das crianças que, ao invés de se tornarem amigos inteligentes, criam-se na idéia do conflito permanente, do inimigo a priori, numa postura estupidificante, preconceituosa.Como o inocente docinho que se dá a uma criança, viciando-a, assim entram essas mensagens nas cabeças infantis.Os tempos mudaram e eu diria, sem fazer uma bandeira do termo, que o filme é, atualmente, “politicamente incorreto”. Não é mais hora de se dar asas a idéia de guerra. Penso como Umberto Eco, que devemos – sim, devemos – converter a palavra guerra num tabu, ou seja, algo nojento, beirando o impronunciável; palavra que deve ser cercada de cuidados ao ser dita.Diferenças de temperamento sempre existirão entre as pessoas, isto é, a humanidade sempre terá conflitos, por mais que queiramos a paz, mas se ficarmos falando em guerra de maneira irresponsável, jamais poderemos sonhar a harmonia entre os povos e, é claro, entre os indivíduos. Falar em paz e manter arsenais e/ou ficar praticando jogos de guerra é uma ridícula contradição.Sei que não é fácil ou mesmo possível mudar-se em tão pouco tempo, mas temos que ir mudando de atitudes, repensando palavras venenosas que estão em nosso vocabulário cotidiano, pois elas pervertem qualquer “boa intenção”.Praquela época, penso, o filme seria até válido para os franceses, que sustentavam a citada guerra e precisavam manter a idéia de competição e domínio no espírito dos jovens, futuros soldados. Porém hoje, que já nem podemos mais aceitar tantos conflitos, ficar mostrando tais filmes é incentivar a violência. O mundo necessita de novos modelos de comportamento, pois o que se vê nos filmes acaba se incorporando ao nosso dia a dia: aqui se ri, lá adiante a gente faz igualzinho.É isto, não há muito mais que acrescentar. Fui criado com brigas e competições e cansei desse modelo. Não porque esteja velho, mas por uma lógica simples: quem bate, machuca o outro, mas se machuca igualmente ou mais até. Bater em alguém é até fácil; bem mais difícil é aprender a se conter e desenvolver a força interior, a dignidade, o sinceridade. O uso da força nas relações humanas denota ignorância, daí que quanto mais dele fizermos uso, mais permaneceremos tolos, idiotas. Não quero isto pra mim. Guerra? Nem de botões!