domingo, 18 de novembro de 2012



                                                           No Olho do Furacão


            Na Idade Média, na Europa a usura era pecado determinado por Roma, pelo Papa. Pelos parâmetros de hoje, era um
mundo sujo, sem higiene, cheio de tabus, estável. Qualquer ideia nova podia resultar numa fogueira onde o autor e suas
ideias virariam cinza. Pareceria um mundo morto. Vieram, então, o Renascimento e o Mercantilismo, uma revolução sem
precedentes na história do mundo. O Mercantilismo, primeira forma de acúmulo de dinheiro e que pagava juros, financiou
grandes navegações. Mais adiante, aperfeiçoou-se na forma de Capitalismo, que, com seus bancos e sociedades anônimas,
passou a proporcionar dividendos. Foi espetacular, pois o dinheiro acumulado propiciou a construção das máquinas da
Revolução Industrial. Neste momento histórico, o dinheiro deixa de ser simplesmente facilitador das trocas mercantis e, de
maneira sub-reptícia, começa a se transformar num fim em si.
            Marx percebeu e avisou. Revoluções, ou tentativas de, aconteceram, mas foram sufocadas pelo poder do Capital
que, nas suas mais diversas formas de manifestação, se revelou sedutor e/ou corruptor. A humanidade que jamais fora de
fato unida em torno de uma filosofia de respeito consciente entre os indivíduos, tornou-se mais e mais individualizada e
egoísta. A “admiração pelo outro” foi substituída pela terrível inveja, deturpando o sentimento de autoestima que passou a
depender da posse de bens: Ser Feliz = Ter Coisas. É que as máquinas produzem coisas, não, sentimentos.
            Na busca de lucro, que é a mola mestra do Capitalismo, os ambiciosos, aperfeiçoaram a psicologia de vendas que
explora, de maneira científica e metódica, os mais recônditos sentimentos humanos e, fazendo uso de sofisticados meios de
comunicação, dominam as massas com promessas de uma felicidade que, nos raros casos em que acontece, é efêmera e,
conseqüentemente, frustrante.
            Por algum tempo – pois “ninguém engana a todos o tempo todo” – essa ciência deu certo, proporcionando a muitos
uma certa “zona de conforto”, que é como o olho do furacão. Pra quem não sabe, no olho do furacão quase não há vento;
enquanto na volta tudo é destruído, no centro há uma “zona de conforto”, uma calma, uma estabilidade ilusória. Pois já nos
estão atingindo os primeiros ventos. O consumismo atingiu seu ápice e a cobra começou a devorar o próprio rabo: estamos
caindo na real. Consumir mais e mais já não está segurando a insatisfação generalizada, pelo contrário, está se
manifestando em revoltas que os “inocentes detentores do poder não entendem”.
            A Imprensa, aliada do processo acima descrito, perdeu o senso crítico; o povo, por ela manipulado, idem. Agora
inicia-se o Caos.
            Preparem-se, pois estamos saindo do Olho do Furacão e vamos ter que colher tudo que semeamos nestes últimos
séculos.
            miguel angelo

Um comentário:

  1. Cuanta razón hay , es lógico que todo ser humano desee vivir una vida confortable, que es muy diferente que vivir para el confort,que trae como consecuencia la perdida de los verdaderos valores que son los que nos hacen vivir confortablemente, o sea vivir para satisfacion de uno, no para los demas. Vivir con quien quiera,donde quiero y hacer lo que quiero y esto te da la dimension humana,de saber que vivís con el de al lado.

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