quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Plebe Maldita: Guido Rocha

                                                                       GUIDO ROCHA                                                                                                                             

Plebe Maldita: Guido Rocha:   Guido Rocha nasceu na cidade do Serro em Minas Gerais em 22 de setembro de 1933.      Escultor, sociólogo, ...

sábado, 27 de agosto de 2022


                                                          MINHA HISTÓRIA


Era começo de noite de um dia frio.
Minha mãe, minha irmã e eu, ambos ainda adolescentes, entramos em um trem com malas feitas às pressas rumo ao desconhecido.
Viajamos a noite toda para   outrpequena cidade do interior, já no planalto do Rio Grande do Sul onde depois de esperar um dia em uma rodoviária pequena,comendo sanduíches, pegamos outro ônibus e viajamos mais uma noite inteira.
Chegamos em uma pequena cidade no interior do Paraná, onde eram poucas ruas calçadas, não tinha sinal de televisão e os telefones eram escassos.
Fomos acolhidos por parentes. Nosso pai apareceu três meses depois, com apenas a roupa do corpo.
Tínhamos perdido tudo.
Uma chácara onde criava galinhas e porcos e o melhor restaurante da cidade, automóvel, tudo vendido às pressas por qualquer dinheiro a "amigos" que aproveitaram a ocasião .
Logo um primo, dono de um jornal me arrumou um emprego, meu pai foi trabalhar como vendedor de máquinas agrícolas e a vida começou a tomar jeito.
Meu pai era um dos milhares de brasileiros que foram ​perseguidos​ por ser​em ​ brizolista​s​. Uma das milhares de vozes caladas por protestar contra a conspiração militar.
Contra um homem tão ​"​perigoso ​"​como era meu pai, assisti o exército colocar uma barricada de sacos de areia com uma metralhadora e soldados, sobre um cavalete em frente ao seu restaurante.
​Vi várias vêzes meu pai fazendo discursos em praça pública contra a intervenção militar. Vi e assisti amigos, até então de meu pai, ignorant​e ​ou covardemente se acomodarem e se omitirem até mesmo quando ele precisou . Assisti um povo todo que ria e comia na nossa casa, sumir. Parentes com alguma importância social na cidade, baixarem as cabeças.
Uma sociedade toda, um povo todo aceitar mansamente o cabresto e o que viria a partir daí.
Nunca mais nos recuperamos.
Meu pai, como a maior parte das pessoas, era um homem sem estudo​,​ bruto e polido por si mesmo. Com muitos defeitos mas tinha o que considero a maior qualidade de todas: Era humano.
Com uma capacidade até doentia de ler muito​, ​sempre que tinha tempo, ​lia ​de tudo em grandes quantidades. Isto fez com que entendesse realmente o que se passava.
Hoje vejo novamente o filme se repetindo. Muitos amigos e parentes, covardes ou ignorantes agindo da mesma maneira que aqueles covardes ou ignorantes amigos de meu pai agiram. A incapacidade de entend​er​ o que realmente se passa não serve como desculpa para tal crime de lesa pátria.
Quando Jango tenta nacionalizar o petróleo, foi a gota final para forças externas intervirem.
O filme que estamos assistindo novamente é igualzinho o que já vi na minha juventude.
A utilização das forças da mídia controlada pela extrema direita, que não é brasileira e a intervenção para que nossas riquezas principalmente o petróleo continue sendo de graça para eles, estão novamente em ação. O uso da Igreja que já não é mais a católica, agora com outro nome, manipulada por picaretas e vigaristas usada para fazer a cabeça de milhões de brasileiros, sem cultura, sem leitura, sem capacidade de entendimento,​ ​​e ​também gente egoísta e perversa, gente frustrada por querer e não poder, de desejar e não ter, fazem hoje o mesmo jogo de sempre felizes por serem serviçais num trabalho contra nossos interesses nacionais.
Hoje assistimos a história se repetindo.  Exatamente igual pelos mesmos motivos. E nossa luta continua.
Dilamar Santos

​(P​ara o Ortêncio e o Welcy que ​lutaram nesta trincheira.​)

sexta-feira, 26 de agosto de 2022


 LULA

Por Gustavo Conde

"Eu não queria dizer isso. Pode ferir sensibilidades, desmanchar castelos de areia, coisa e tal. Mas, que se dane. O fato, nu e cru, é que Lula vai sendo canonizado, imortalizado e santificado no altar máximo da glorificação histórica.

Nem Che Guevara, nem Fidel Castro, nem Nelson Mandela chegaram perto dessa dimensão.

E essa consagração é insuspeita: não há maior prêmio nem maior insígnia do que ser perseguido e caçado com este nível de violência pelo aparelhamento judicial e financeiro em uníssono, com o auxílio de toda a imprensa e dos serviços de "inteligência" nacionais e estrangeiros. É o maior reconhecimento de uma vida que teve um sentido maior, léguas de distância do que a maioria de nós poderia sonhar.

Nem todos os títulos honoris causa do mundo juntos equivalem a essa deferência: ser perseguido por gente do sistema, por representantes máximos do capital, da normatização social e da covardia intelectual, gente que pertence ao lado fascista da história.

Não há Prêmio Nobel que possa simbolizar a atuação democrática de Lula no mundo, nem todos os prêmios que Lula de fato ganhou ou recusou (a lista é imensa, uma das maiores do mundo). Porque a honraria mesmo que se desenha é esta em curso: ser o alvo máximo do ódio de classe e o alvo máximo do pânico democrático que tem fobia a voto.

Habitar 24 horas por dia a mente desértica dos inimigos da democracia e povoar quase a totalidade do noticiário político de um país durante 40 anos, dando significado a toda e qualquer movimentação social na direção de mais direitos e mais soberania, acreditem, não é pouco. Talvez, não haja prêmio maior no mundo porque Lula é, ele mesmo, o prêmio. É ele que todos querem, para o bem ou para o mal. É o líder-fetiche, a rocha que ninguém quebra, o troféu, a origem, a voz inaugural, rouca, que carrega as marcas da história no timbre e na gramática.

Há de se agradecer essa grande homenagem histórica que o Brasil vem fazendo com extremo esmero a este cidadão do mundo. Ele poderia ter sido esquecido, como FHC. Mas, não. Caminha para a eternidade, para o Olimpo, não dos mártires, mas dos homens que lutaram e fizeram valer uma vida em toda a sua dimensão espiritual e humana."


quarta-feira, 24 de agosto de 2022


                                                         O CALAR DA SANFONA                       

                                                                                             Marcos Pinheiro-  Poeta manezinho.


Vou contar uma história que aconteceu a muito tempo... 

Exatamente no distante 18 de  agosto de 2022.

Tudo estava calmo em Piranhas, até que chega discretamente um bando, aparentemente desconhecido, no uniforme as iniciais TPM...

Eles sentaram ao lado da mesa de um tal de Altemar, sujeito famoso por estes lados. 

Nos primeiros minutos de praça, pouco antes de pedir um baião de dois, o líder do bando incomodado com a sanfona roncando absurdamente altamente, pediu para baixar. 

O sanfoneiro de nome Ximbóca, subiu nas tamancas.

Parou a música e fez um discurso inflamado, não aceitando qualquer interferência no oficio, mesmo que não isso representasse um espantamento dos clientes do boteco de onde ele se propôs a atrair.

Ao lado, se encontrava o Bando de Lampião com todos os imortais Cangaceiros. 

Acabaram de chegar da Grota do Angicos, Trazidos na ponta dos dedos rio acima pelo Catamaranero Célio de Claudia.

Maria Bonita com desejo de comer Lasanha.

Lampião, um pouco irritado com um cisco no olho bom!

Quando viu seu sanfoneiro preferido sendo enfrentado, começou uma dança riscando os facões no chão, as faíscas alumiaru a escuridão da praça. 

Capitão Nadaredo, vendo o furdunço que se formava, e que cabeças poderiam rolar, 

levantou o dedo, fez um sinal de negativo para o sanfoneiro, e saiu discretamente para o Porto de Piranhas, onde estava montado o acampamento. 

Trocou de roupa para não ser notado, e foi se abrigar no Solar dos Rodrigues sem sua Amada Galega.

Sentou na vaga cadeira, de onde ouviu muitas histórias do Coroné Celsão. 

Capitã Jackie e Tenente Celsinho do Canto, além do abrigo ofereceram uma costela acebolada com cuscús, coisa mesmo de outro mundo.

A chegada da Galega, deixa o Capitão calmo, após histórias escurtadas pelos dois, descemos suavemente a ladeira, já com a praça às escuras, sem riscos de vida, luminosos e sanfonas desgramadas...

Dia 19 de agosto, cedo, o famoso Carpinteiro e Canoeiro Breno Nazare, chegou na feira com a desculpa de comprar pregos de cobre, começa a espalhar a seguinte notícia:

 O bando do Capitão Nadaredo está lá praz  bandas das aguas brancas do Mateu.

A notícia se espalhou com rastilho de pólvora, chegou até os ouvidos em breve surdos de Ximbóca e seu bando.

Dia 20 de agosto, o bando Nadaredo adentra ao Velho Chico com todo seu balé natatório, assustando as andorinhas, que perdidas atacavam as canoas que acompanhavam os Nataceiros. 

Capitão Nadaredo regia a sinfonia a bordo da Canoa do Tenente Animal. 

Chegam a Entremontes, onde o povo tenenteado pela Tenente Marlene Sorriso, esperava de braços e pote de frutas abertos. 

Na tarde do mesmo dia, Tenente Isaac Bezerra, recebe a seguinte mensagem do Catamaranero Hugo de Zéfinha ....

 TEM BOI NO PASTO, A CERCA ESTÁ FECHADA, NÃO VAI FUGIR. 

Era a mensagem codificada, que significava que o Sanfoneiro estava na praça e não sairia tão cedo.

Tenente Isaac Bezerra, rapidamente reúne seu bando, o maior bando já visto por estas bandas, na frente na praça da Prefeitura.

O bando contou com presença da banda de Pífanos de grande mestre  Willamys.

O bando e a banda com todo o comando e imensidão de Nataceiros desce triunfalmente as ladeiras paralelepitadas de Piranhas.

Todos prafrentemente, caminhando, cantando derramando lagrimas de deixando liso a pedra alisada pela história. 

E quando chega na praça, o sanfoneiro dedilhava os últimos acordes para começar a altaria...

A comitiva dos sorrisos estaciona em frente a sanfona, a zabumba, o triangulo e começa espalhar alegria para todos os cantos da praça, menos para o contrariado sanfoneiro. 

Sim, parecia uma vingança premeditada, nas foi totalmente sem querer querendo. 

O sanfoneiro senta e chupa um picolé de mangaba! 

O bando segue prafrentemente até a glória para receber os CHUCAIOS DA VITÓRIA...


 

terça-feira, 16 de agosto de 2022

AS VIUVAS DE 5ª FEIRA.

 



Pode parecer “apenas mais um filme bom... de suspense”. Na verdade não é bem um “filme de suspense”: o suspense é criado no início com uma cena chocante: três mortos numa piscina. Depois, uma vida vazia de sentido, onde a coisa mais importante é ter dinheiro e “parecer” importante, vencedor. Confesso que perdi muitos detalhes da trama, o que não é novidade, pois sou lento para entender assuntos complicados, intrincados..., mas senti profundamente o vazio dessa vida artificial, tanto que não me choquei com o desfecho.

Você já leu Sidarta, de Hermann Hesse? É uma bela ponte para entender este vazio existencial de muitos abastados. É na luta pela sobrevivência, na luta por justiça social – na ação social – e não na constante contabilidade dos ganhos que a vida adquire algum sentido. Entre a vida miserável e a tediosa, não sei qual a pior: são dois extremos e, simultaneamente, duas desgraças. Enquanto os primeiros sofrem no corpo, uma dor identificável, os últimos sofrem um vazio invisível que tentam contornar, geralmente com fármacos.

O pior de tudo é que há uma cultura que tenta sustentar esse status: as aparências, que geram uma competição silenciosa, onde a inveja predomina e, como consequência, gera uma insegurança que, por sua vez, cria pesadelos. É o espaço onde você não sabe quem é de fato amigo. 

Conheci alguém que vivia algo parecido com o “filme”, e que enfatizava os números. Quando voltava de suas viagens a primeira coisa que contava era quantos km havia percorrido. Fazia uma festa e o que primeiro contava (para quem não foi...) era quantos haviam estado presentes. Desisti de ser mais um número em sua lista... Não é “má pessoa”, mas pra mim não serve; quero ser um pouco mais que simples estatística.

É isto: viver é naturalmente um estado de risco, uma busca, um alegrar-se com um sorriso ou levar alegria a quem sofre. Sei lá! Mas não me venham com essa loucura do ter sempre mais. Alguém, um dia, me disse ao pé do ouvido: “Tenho espírito de vencedor”. Eu, para não criar mais problemas, para resolver uma situação de conflito, cedera e ele me vem dizer aquilo! Abandonei-o definitivamente e ele foi o derrotado. Era um tipo como o tal “vencedor” do filme. Portanto:

CUIDADO!!! Não comigo, mas com a vida, que dá voltas...

miguel angelo

 
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