terça-feira, 16 de agosto de 2022

AS VIUVAS DE 5ª FEIRA.

 



Pode parecer “apenas mais um filme bom... de suspense”. Na verdade não é bem um “filme de suspense”: o suspense é criado no início com uma cena chocante: três mortos numa piscina. Depois, uma vida vazia de sentido, onde a coisa mais importante é ter dinheiro e “parecer” importante, vencedor. Confesso que perdi muitos detalhes da trama, o que não é novidade, pois sou lento para entender assuntos complicados, intrincados..., mas senti profundamente o vazio dessa vida artificial, tanto que não me choquei com o desfecho.

Você já leu Sidarta, de Hermann Hesse? É uma bela ponte para entender este vazio existencial de muitos abastados. É na luta pela sobrevivência, na luta por justiça social – na ação social – e não na constante contabilidade dos ganhos que a vida adquire algum sentido. Entre a vida miserável e a tediosa, não sei qual a pior: são dois extremos e, simultaneamente, duas desgraças. Enquanto os primeiros sofrem no corpo, uma dor identificável, os últimos sofrem um vazio invisível que tentam contornar, geralmente com fármacos.

O pior de tudo é que há uma cultura que tenta sustentar esse status: as aparências, que geram uma competição silenciosa, onde a inveja predomina e, como consequência, gera uma insegurança que, por sua vez, cria pesadelos. É o espaço onde você não sabe quem é de fato amigo. 

Conheci alguém que vivia algo parecido com o “filme”, e que enfatizava os números. Quando voltava de suas viagens a primeira coisa que contava era quantos km havia percorrido. Fazia uma festa e o que primeiro contava (para quem não foi...) era quantos haviam estado presentes. Desisti de ser mais um número em sua lista... Não é “má pessoa”, mas pra mim não serve; quero ser um pouco mais que simples estatística.

É isto: viver é naturalmente um estado de risco, uma busca, um alegrar-se com um sorriso ou levar alegria a quem sofre. Sei lá! Mas não me venham com essa loucura do ter sempre mais. Alguém, um dia, me disse ao pé do ouvido: “Tenho espírito de vencedor”. Eu, para não criar mais problemas, para resolver uma situação de conflito, cedera e ele me vem dizer aquilo! Abandonei-o definitivamente e ele foi o derrotado. Era um tipo como o tal “vencedor” do filme. Portanto:

CUIDADO!!! Não comigo, mas com a vida, que dá voltas...

miguel angelo

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