terça-feira, 25 de junho de 2013


sábado, 22 de junho de 2013

     
   
                                  É belo ser jovem

            No “Guerra e Paz”, a certa altura Tolstói descreve a rapaziada fazendo estripulias e diz “As cabeças jovens foram feitas para dar cabeçadas; e como resistem!” A juventude é, geralmente, impetuosa. Nosso Geraldo Vandré sofismou quando disse “Quem sabe faz a hora...” Não era tão jovem, mas ainda o era um tanto. É lindo ver os jovens, cheios de energia, ousando, desafiando. Perfeito seria se eles soubessem realmente o caminho e fossem unidos.
            Alguém dirá que eles são unidos. Serão? Desconfio que ainda estamos muito distantes da necessária união para que tenhamos uma luta proveitosa. Os senhores da grana te um objetivo claro em comum em torno do qual se unem: a defesa de seus bens. Estes estão bem estabelecidos e aparelhados para manter seus privilégios, principalmente a posse dos meios de comunicação e ausência de escrúpulos, suas duas maiores armas. Enquanto os jovens lutam de peito aberto, eles se articulam nos bastidores em encontros secretos e se divertem observando a rapaziada fazendo alarde, pois sabem que, no fim, vai dar em nada.
            Deram alguns tiros com balas de borracha e se aperceberam da mancada: recuaram estrategicamente, pediram desculpas, retiraram o anunciado aumento das passagens. E agora? Com tantos descaminhos a serem corrigidos, quem vai liderar as próximas reivindicações. Os políticos são corruptos, mas quem os vai substituir? Vamos trocar seis por meia dúzia? De onde vamos sacar políticos honestos que nos representem?
            Não estou querendo desanimar ninguém, mas, se querem avançar, tem que ter alguma proposta concreta, consistente. A palavra educação, que é a coisa mais fundamental de todas que se pode pretender, tem que ser entendida na sua real extensão. Educação não se resolve apenas com escolas melhor equipadas e/ou professores melhor pagos. Cumpre, sim, que nos eduquemos num processo de auto crítica; eis o nó! Fácil é falar em educação; quase impossível é convencer um povo viciado na corrupção a se corrigir, ser honesto.
            É isto aí, meus queridos jovens, não vai ser fácil sair da zona de conforto, no entanto é atitude indispensável. Gritar de longe, na multidão é uma coisa, difícil é peitar os problemas caso a caso; nesse momento a maioria desiste. Todos querem ser respeitados, mas poucos realmente respeitam o direito dos outros. No dia em que este quadro mudar, então poderemos ter esperança de mudança de fato, pois então a revolução já estará em andamento. Revolução só acontece com mudança interior, na cultura, naquilo em que acreditamos e fazemos.
            Cobrar honestidade dos outros tem que ter nossa contrapartida; isto exige prática e é difícil. Mas vale o esforço.
            Não desistam, jovens!
            miguel angelo
            220613

domingo, 16 de junho de 2013

sábado, 15 de junho de 2013

Judeu é...


                                      Linda Música Triste
          
            Nem sempre a alegria é o melhor lugar.
            Recebi uma mensagem com um anexo que contém uma música, cujo nome ignoro, que me soa agradável, mas simultaneamente mui triste. Ela toca, toca, repetindo-se indefinidamente; ouço-a com profunda tristeza, uma tristeza que me leva num voo panorâmico sobre a humanidade tão sofrida. Parece-me sentir toda dor do mundo; não a dor física, mas a angústia que, imagino, perturba a todos, que é aquela do não se saber o que somos na vida.
            Buscam-se tantas explicações, bengalas, religiões, no entanto nada sabemos de fato. Somos, como nesta música, exilados numa nau sem rumo, cujo destino, se há, ignoramos.
            Talvez eu seja presunçoso ao imaginar que todos sentem isto; talvez a maioria da humanidade viva aferrada a certezas de paraísos prometidos. Como não creio em paraísos, sofro esta angústia. Sofro e não sofro, já que a dúvida, ou uma quase certeza do nada, me é até prazerosa. Contradições e mais contradições; esta, mais uma. Como pode uma dor causar prazer? Mas é. Prazer e dor são irmãos siameses, indissociáveis. No máximo do prazer, sentimos a dor da perda possível e quase certa. É o que esta música me faz sentir; ela me diz que tudo tem um final. Em sua tristeza infinita e indescritível, ela me revela a caminhada vã da humanidade inteira; caminhada em busca do Eldorado, da felicidade perene, do final feliz tão introjetado em nossa cultura.
            Ah, como é triste esta linda música!
            Os olhos marejados e um imenso prazer... Ela se repete, repete e não canso de ouvi-la, como um ópio; ouço-a como num prolongado orgasmo. Tenho medo do silêncio que terei no final. Parece-me que, enquanto ela permanecer, os males do mundo ficarão em suspenso, estarão numa trégua; que eu, ao polarizar essa dor, alivio toda dor do mundo. Sei que é pura ilusão, mas a vida, afinal, o que é senão pura ilusão?
            Ah, como é linda esta música triste!
            Vejo um mundo cheio de flores; rosas perfumadas à beira de cascatas de águas claras e de branca espuma. Vejo as ondas do mar chegando tranquilas a uma praia de areia branca. Um vestido, também branco, esvoaçante, bailando graciosamente numa alegria sem fim, contesta toda dor contida nesta melodia mágica que me envolve em seu manto morno – enganoso?
            Afinal, o que é a música senão uma impressão. Que riam os tolos que por tolo me tomam. Não rio deles; lamento-os apenas. Quanto perdem por falta de sensibilidade! Talvez seja isto que esta música me diz.
            O quê?
            .......
            miguel angelo
            150613

domingo, 2 de junho de 2013

                     

                          IMPERDÍVEL !


O Banheiro do Papa

Uma azarada história real


 

O Banheiro do Papa

El  s créditos iniciais já avisam: O Banheiro do Papa (El baño del Papa) é baseado numa história real, que só poderia ter acontecido por uma tremenda falta de sorte.
A incrível história começa algumas poucas semanas antes da visita do papa João Paulo II a Melo, cidadezinha uruguaia quase na fronteira com o Brasil, em 1988. A presença do Sumo Pontífice causa furor na população do lugarejo, mas essa comoção não tem nada de religiosa... a visita atrairá 20 mil brasileiros ao lugar. Ou mesmo 40 mil. 60, dizem alguns.
Toda essa brasileirada terá que comer, e Melo inteira prepara-se como pode para alimentá-los, sonhando com a riqueza dos Cruzeiros vizinhos. Endividam-se... e tome montagem de barracas de linguiça, torta, bandeirola, churrasquinho, empanada...
Mas o simpático Beto tem outros planos. Pequeno contrabandista para as vendinhas locais - ele atravessa a fronteira duas vezes ao dia de bicicleta velha, carregando porcarias e fugindo dos oficiais aduaneiros -, ele pensa além de seus compatriotas. Se os brasileiros vão comer tanto assim, terão que se aliviar. Para tanto, precisarão de um banheiro! E lá vai Beto arrumar dinheiro para os blocos, canos, porta de luxo... só falta mesmo o vaso. Mas esse ele vai buscar ali, rapidinho, do outro lado da fronteira.
A tragicomédia, uma co-produção entre Brasil, Uruguai e França, é irretocável. Os diretores uruguaios Enrique Fernandez e Cesar Charlone  (o celebrado diretor de fotografia de Cidade de Deus) foram muito felizes com o ângulo que encontraram para o filme. O Banheiro do Papa é engraçado e ao mesmo tempo tristíssimo, mas sempre otimista. Suas sutis observações sobre a fé, o capitalismo, a sociedade e a mídia não parecem nunca lições de moral - e são absorvidas em meio à bem contada história.
Igualmente excepcional é a seleção do elenco. César Trancoso, o Beto, é um ator incrível. Seu momento de epifania, quando lhe surge a idéia do banheiro, chega a ser emocionante. O sujeito mexe duas rugas e pronto... lê-se em seu rosto tudo o que ele está pensando. Como esse, há outros vinte momentos marcantes. Quando divide a tela com Virginia Mendez (que vive a esposa), então... dá vontade de reecontrá-los sempre.
 
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