terça-feira, 27 de março de 2012

Chupado na cara-dura do blog do zeca

PORQUE GOSTO DE SER RETRÔ
 José lisboa
Carlos Drummond de Andrade disse que após os 70 anos, pode-se dar uma banana para o mundo. Ótimo. Como me faltam apenas um ano e meio para esta data, já estou praticando, com prazer, o gesto.
Cansei de tentar ser moderninho, tentando acompanhar a última moda na música, no cinema, nas artes plásticas. Cansei porque essa é uma atividade extremamente cansativa. Quando estamos dominando algum novo movimento, já aparece outro. E tudo recomeça. Os modismos se sucedem com cada vez maior rapidez.
Federico Fellini dizia que um dos maiores problemas da atualidade é o da hiper comunicação. Falou isso nos anos 70. Imaginem se vivesse hoje!
Refugio-me em alguns lugares do passado. Vivo bem lá, as coisas são tranquilas, sem sobressaltos.
Vejo filmes cujas cenas são lentas, pausadas, imagens como um quadro de Matisse. Nada de cinema fliperama. Assisti a um filme de Akira Kurosawa (Trono Manchado de Sangue) cuja lentidão é um exercício para nossa paciência. Curto filmes de Alfred Joseph Hitchcock (meu tocaio, descobri agora), cujo suspense é organizado e cerebral. A cor preferida é P&B.
A propósito, no trânsito urbano, ando sempre pela direita, o lado de quem não quer ser incomodado. Geralmente, dessa maneira, chego antes, embora isso não tenha a menor importância.
Alimentação é um ritual de provar, com calma, o sabor dos alimentos que, na minha idade, podem e devem ser ingeridos em quantidades cada vez menores É o slow food, dentro da slow life.

Ouvir música é um capítulo à parte. Nada de Adele, ela vai ser substituída logo, como foi a coitadinha da Amy Winehouse. Ouço jazz, que é eterno. Experimentem o prazer de ouvir, por exemplo, Take the A Train, de Billy Strayhorn, com a Nikki Yanofsky. Ou assistir, em DVD, “A Concert of SACRED MUSIC At Grace Cathedral”, com o imortal Duke Ellington. Deliciem-se ouvindo o CD de Susannah McCorkle todo com músicas de Cole Porter. Ou a voz poderosa de Dee Dee Bridgewater, cantando blues de raiz. Ou a maravilhosa inglesa Jane Monheit cantando música brasileira de Tom, Marcos e Paulo Valle e Ivan Lins, com encantador sotaque lusitano. Ou ainda, Ray Charles, no Olimpia de Paris, em um de suas últimas apresentações. Ou Dina Washington, ou Sarah Vaughn, ou Ella Fitzgerald, ou Jamie Cullum, ou Melody Gardot...

Escuto, sempre, rock’n’roll, com Brenda Lee, Jerry Lee Lewis, Little Richard e Chuck Berry, ou mesmo, John Lennon.

E, por fim, nada, mas nada mesmo, de televisão e jornal. Alienação é fundamental.


domingo, 25 de março de 2012

SINDROME DE SUPER HOMEM.- Miguel Angelo

                                            

            Segundo Nietsche, “O homem é corda sobre o abismo entre o animal e o Super-Homem”. Esta é uma visão filosófica que merece consideração. Mas não é a este Super-homem que se vai referir este texto; minha intenção, neste momento, é trazer à tona os malefícios dessa leitura de heróis salvadores da humanidade: os Super Heróis .Viver fantasias é coisa maravilhosa no mundo infantil, mas há as fantasias construtivas e as destrutivas; o Super-Herói faz parte do segundo grupo. As histórias, que se inventam para as crianças, vão muito além do simples lúdico; elas formam uma mentalidade, uma cultura. Nada é indiferente; tudo tem seus reflexos na formação do caráter do adulto que essa criança um dia se tornará, e a figura do Super-Herói tende a criar uma sociedade de indivíduos que, acomodados em seus afazeres, deixam sempre para o Estado a solução dos eventuais problemas sociais. Ele não apreende que o Estado, seu representante, é eleito por ele, é uma parte dele, nasce dele.           
     Se, além de cobrar impostos, o Estado tem poder de requisitar cidadãos para um júri, para atuar junto às urnas nos plebiscito ou convocá-los em caso de guerra, o que significa isto? Significa que é legítimo o trânsito Estado/Indivíduo, ou seja, é um caminho de mão dupla: o cidadão tem que se submeter às leis e o Estado tem o dever de ouvi-lo e protege-lo. No entanto criou-se a mentalidade da dependência irresponsável: aquele que deveria ser um cidadão comporta-se como criança ignorante de seus direitos e deveres, um indivíduo simplista que só sabe que tem que pagar seus impostos e que é obrigado, em certas ocasiões, a votar.        
  O imaginário de heróis criou indivíduos não cidadãos, sem sentido crítico e facilmente manipuláveis por notícias falsas e/ou tendenciosas. Tais indivíduos, em sua infantilidade, só resmungam reclamações e jamais reclamam a quem de direito, pois vivem esperando a visita surpresa de um Super-Herói que tudo resolverá com seus super poderes. É patético, mas é a realidade, realidade que pode ser mudada com uma educação mais realista, onde as crianças se divirtam com histórias fantásticas mas que as preparem para a vida social; que fiquem espertas mas amigas; que não sigam a mentalidade imbecil que rolou na abertura do atual BBB, quando o panaca do apresentador - cujo nome omito por não merecer ser repetido – em sua primeira intervenção se dirige a um dos “heróis” e lhe pergunta qual dos demais candidatos lhe havia causado a pior impressão, ou seja, qual deles ele mais detestou. Simplesmente asqueroso!          
  Chega de podridão, de falsos heróis; mudemos o curso da história, vamos a um Respeito consciente do valor do outro, do diferente. Ingênuo é quem acredita no Super-homem. Quem acredita no Homem é sábio, pois sabe que, embora falho, o Homem é possível.      

quarta-feira, 7 de março de 2012

JUSTIÇA BRASILEIRA E NO MUNDO


"A justiça sempre foi par da simplicidade.Os homens a endeusaram para que juntamente fossem considerados superiores."
 
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