sábado, 11 de fevereiro de 2012

PUNHETAS


PUNHETAS
(ODE SOBRE A MASTURBAÇÃO)
Em nossa sociedade permissiva parece que tudo já foi dessacralizado, mas ainda resta um
tabu: a masturbação.
Pensem bem. A masturbação é um hábito (ou vício solitário, como alguns preferem) muito
disseminado. Se perguntarem a três homens se masturbam-se habitualmente, dois dirão que
sim. O terceiro é um mentiroso. Não sei como é essa estatística com mulheres. Desconfio que
não seja diferente. A popularização do uso de vibradores, que vem com propaganda safada,
informando que o orgasmo melhora o cabelo, deixa a pele mais sedosa, facilita o sono, etc.,
deve seduzi-las, embora a natureza não tenha sido pródiga com elas como foi com os homens.
Eles foram instrumentalizados com um sistema “the flash”.
O ato da masturbação, excluindo-se criativas (e mortais) soluções, como a de David Carradine,
é muito simples. Para os homens, sempre existe a possibilidade de ser usada uma ou outra
mão. Pelo folclore, parece que a esquerda é mais sensual.
O importante, no entanto, não é o ato em si, mas a fantasia que é gerada para que a
masturbação tenha sucesso. Sim, ainda não inventaram um jeito de se chegar ao orgasmo sem
uma bem estruturada fantasia. Sobre isso que quero falar.
As fantasias costumam ser uma simplificação de realidades passadas, adaptadas para a ocasião
e para os desejos mais secretos do masturbador. Os mais preguiçosos podem apelar para
a pornografia, mas esta não tem o encanto proporcionado pela criatividade de uma boa
fantasia. Acredito que existam fantasiadores geniais, Cervantes da punheta, que fazem da
masturbação uma obra de arte.
Na fantasia, tudo é possível. O sexo genital, anal, oral são sempre elaborados à perfeição, com
o (a) parceiro (a) disposto (a) a contribuir de forma perfeita para o bom resultado do trabalho.
Na fantasia, não existem queixas, negativas e outros impedimentos que possam tirar o brilho
do ato. O sexo anal, que na vida real é anti higiênico, difícil e, quase sempre, odiado pelas
mulheres, na fantasia ele é perfeito e prazeroso para ambos. O sexo oral é praticado com
absoluta devoção pelo parceiro (a), atitude nem sempre suscetível de acontecer na vida real.
Existem indivíduos que aproveitam para extravasar outros sentimentos, vamos dizer assim,
pouco nobres. Assim, durante a masturbação, podem esganar o parceiro (a), sem nenhuma
culpa.
Na fantasia, ninguém escapa. Pode ser aquela vizinha gostosa, a prima, o primo, o chefe, a
atriz ou ator de cinema ou novela. Todos colaboram sem pestanejar. Na fantasia não existe
adultério nem o perigo de flagra. Os únicos que não costumam dar ibope são os parceiros
habituais da vida real. Esses trazem uma carga de realidade que tornam difícil a fantasia. Mas
como nessa área tudo é possível, até isso, às vezes, acontece, em situações idealizadas.
Bom, o final é sempre meio frustrante. Como uma bolha de sabão que, repentinamente,
explode, a fantasia se esvai com o orgasmo. É como na letra da música “Bala com Bala”, de
Aldir Blanc, em que a coragem é substituída pelo cansaço.
Mas a vida recomeça.
                                                                                       Arq. JOSÉ CONTINO LISBOA

3 comentários:

  1. Quando o autor (José Lisboa) falou em fantasia com primo, confesso que fiquei assustado.

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  2. Eu também ficaria. Obrigado pelo comentário.

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  3. Prática tão velha como o Velho Testamento:

    http://pt.wikipedia.org/wiki/On%C3%A3

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