terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

DIFERENÇAS

                                                                         Diferenças        
 
 Fui criado ouvindo a fábula de La Fontaine, “A Cigarra e a Formiga”, que é uma ode ao trabalho. Na atual versão, a Cigarra é uma cantora de sucesso que procura a Formiga para pedir-lhe que cuide de seu Mercedes, pois ela vai à França participar de um festival música; num gesto de gentileza ela pergunta à Formiga se ela quer algo da França. Então esta lhe diz: “Se encontrares por lá esse tal de La Fontaine, manda-o à PQP!”            Nos anos 90, conheci e fiquei amigo do utópico Lautaro Labbe, escultor chileno que veio a Floripa produzir um monumento “Transandino”, que agora faz parte da paisagem da UFSC. Na ocasião, ele proferiu uma palestra onde abordou o tema “Aceitação das Diferenças”. Aquilo foi pra mim algo novo e fustigante; mexeu com meus valores, ainda cartesianos. Mexeu comigo e, em minhas posteriores reflexões, cheguei à conclusão de que, mais do que simplesmente aceitar, devemos, sim, gostar, querer as diferenças, pois é nelas que crescemos.            Quem pensa igual a mim, dificilmente terá algo a me acrescentar; se pensar diferente, estimula-me à evolução.             Toda sociedade vive em função de valores que podem se manifestar das mais diversas formas; tais valores, de modo geral, surgem em função de uma necessidade de mudança, necessidade esta que ser clarifica na observação minuciosa da história. Cada momento histórico traz seus colapsos próprios, pois as mudanças são uma tônica da própria evolução humana. Colapso e morte são, simultaneamente, gestação e nascimento do novo. Assusta? Sim, assusta, mas é uma dor indispensável como a de qualquer parto.            O mundo vive, neste momento, um novo colapso. O que virá, obviamente que não sabemos, pois a história é feita de surpresas. Será conveniente, se quisermos aliviar o impacto, que comecemos a rever nossos valores. O mundo mudou notavelmente nestes últimos sessenta anos, uma mudança vertiginosa que nos pegou todos de surpresa, deixando-nos perplexos, estáticos, propensos ao pânico. É um momento de refletirmos os novos rumos, pois todas a ideologias fracassaram. O processo racional cartesiano se revelou insuficiente para a solução dos problemas da humanidade. É que o “homem inteligente”, em sua incessante busca da Verdade, apostou na ciência e se tornou materialista. Ao negar as religiões, negou também qualquer espiritualidade.            Se não sabemos explicar a espiritualidade, isto não prova que nada exista além da ciência. Na dúvida, fiquemos com a dúvida. Respeitemos, em nós, nossa incapacidade de tudo saber, daí respeitaremos os demais por sua ignorância, pois ignorantes somos todos. Só somos iguais na ignorância; no resto, somos todos diferentes.       
    Viva a diferença!           
                                                                                                          miguel angelo
  

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