domingo, 19 de fevereiro de 2012

CARNAVAL.


                                                                 Mas é Carnaval...   
     
  Saudade ou boas lembranças? Sentir saudade é quando sofremos a falta de algo que sabemos existir e que não temos ou que tivemos e perdemos. Ter boas lembranças é se lembrar com agrado de algo que nos marcou agradavelmente. Saudade faz sofrer; boas lembranças, não. Embora todo meu sangue venha de Portugal, nasci brasileiro; não sou um saudoso, como os portugueses que vivem o fado. Vivo pra frente, para o novo, mas, vez ou outra, sucumbo à tentação de lamentar o que se “perdeu”.Carnaval e futebol, quando os olho no agora e no que já foi, sinto certa nostalgia. Conheci o Carnaval e o futebol de clubes e de rua; agora futebol é coisa de empresas e o Carnaval, uma guerra ou, no mínimo, uma competição acirrada. É bem verdade que, desde “velhos tempos”, desde que havia os blocos carnavalescos, já havia uma certa rivalidade, mas não havia as escolas, essa coisa organizada dentro de uma matriz que impõe regras e distribui prêmios que geram polêmica e tornam a coisa um negócio, ou seja, atualmente há um incentivo, inclusive pecuniário, ao acirramento da rivalidade que passou às manchetes dos jornais, quando, “antigamente”, a coisa ficava no diz que disse, ou seja, as pessoas tinham opinião; agora há um júri que as poupa de pensar.             Carnaval começava com o baile do sábado à noite e terminava na quarta de madrugada, três dias que eram quatro. Depois, o primeiro baile já era na sexta; depois criaram o “Grito de Carnaval” que era uma semana antes; depois criaram uma espécie de “Enterro dos Ossos”, isto é, repetia-se no final de semana seguinte. Agora temos Carnaval o ano inteiro, bem como o Natal, Páscoa, dia disto, dia daquilo. E a batuta que rege esta festa toda está na mão do comércio, isto, sim, lamentável, pois que o espírito das coisas se perdeu.             A busca de um realismo nos embotou a criatividade, a capacidade de imaginar, de brincar, de fazer de conta. Os prazeres ficaram brutos, secos. Nunca tivemos tantas maravilhas tecnológicas e nunca fomos tão pobres nas artes; tão pobres de espírito. Um Carnaval em que se toca Axé e automóveis, verdadeiros trios elétricos, passam “batendo estaca”? No “Dia de Finados, nos anos quarenta, as rádios só tocavam música clássica e havia um silêncio no ar; hoje é apenas mais um feriado barulhento, mais um dia de folga. Estamos vivendo uma “crise de identidade”; os indivíduos se libertaram das antigas amarras, mas se reuniram em torno da TV e outras telinhas, que passaram a determinar a nova ordem, a ordem do consumo, do “ter coisas”; o verdadeiro “anti aqui e agora”. O povo não vai à rua curtir os blocos; fica em casa aguardando o resultado do julgamento de “sua escola de samba”, pois o sambódromo é para poucos. “O tempora, o mores!” O que virá a seguir?Mas deixa pra lá, afinal “é Carnaval, não me diga mais quem é você, amanhã...                        
                                                                                    ”miguel angelo190212

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