sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

VELHO GAUDÉRIO.

                                    NA FOTO O  HOMENAGEADO E O POETA


 Alma Grande

Luciano Camargo Martins


Grandes almas nunca morrem,
Apenas se pulverizam
Em gestos que a eternizam
Nas almas doutros viventes,
E ficam, como sementes
Perdidas em solavancos,
Se encarreirando nos flancos
E se espalham nas enxurradas,
E nem carecem de enxadas
Pra se enterrarem, à espera,
Da volta da primavera
Pra renascerem floradas.
Homem grande, de alma grande
Mão aberta, peito aberto.
Amigo sempre, de estar por perto,
Nas horas vagas e nos apuros
Farol clareante no breu escuro
Que muitos dantes não compreenderam
Mas por instinto lhe concederam
O posto nobre, o grau maior,
Gravitam tantos ao seu redor
Que até parece amadrinhá-los.
Toreia os dias, soltando peálos
Cruzando rios, sem rumo certo.
O seu destino, andar incerto
Abrir picadas, seguir adiante
Cevar o mate, verde-espumante
Na madrugada, recém nascente,
Como um menino, se rir contente.
Seus mil defeitos e mil virtudes
Se contrapondo de forma rude
Faziam crer que era mais um
Prém no todo, era incomum:
De fibra nobre e humor tão raro,
Que inda sem norte, seguia o faro,
E inda que a morte, seu corpo leve
Conveça o dia, que a noite é breve!
Nas mil lembranças que tu deixastes
Tu'alma grande se vai ao longe,
Iluminando, por vez de um monge,
Por tantos anos, só chimarreando,
Altivo em posto, sempre bombeando
A barra larga do horizonte
Talvez um dia, ele nos conte,
Noutro Universo ou noutra Terra
Os seus segredos de sentinela
Onde é a nascente da sua fonte!
Ainda te encontro, velho querido
Para uma prosa,  um mate amargo
Não foi à toa, nasci Camargo
E meu destino, já trago ungido,
Desde menino, tenho aprendido
Com o exemplo da tua Ciência,
Tragando certo e com paciência
Cada braçada dessa carreira,
Fiquei mirando na cabeceira
Só na torcida e bem-querência!

3 comentários:

  1. que saudade do véio!
    que belo texto!!
    emocionante, de ler e reler.
    bjo!!

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  2. Olá Dilamar,

    Não nos conhecemos, porém, em comum possuímos um "amontoado" de crônicas, textos, poesias (e etc.) neste veículo chamado blog. E, foi através de uma pesquisa no Google, que cheguei até aqui...
    Surpresa tamanha, pois, fora verificar quais resultados traria uma procura com o nome de nosso blog (meu e de minha esposa): Peripécias d'Além Mar. Claro que saiu seu texto sobre Istambul.
    Você conseguiu colocar-me dentro da história, descrevendo detalhes que só quem vive sabe. Também, agora, quero ir até lá...
    Além desse texto, dei uma passada "d'olhos" em outros. Esplêndidos!
    Por isso, quero deixar esta marca-comentário, pois acaba de "ganhar" mais um leitor!

    Abraço

    Fabio C Guerra

    Se permite, deixo o endereço de nosso blog para que possa nos visitar: http://peripeciasdalemmar.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  3. Olá Dilamar,
    Não nos conhecemos, porém, em comum possuímos um "amontoado" de crônicas, textos, poesias (e etc.) neste veículo chamado blog. E, foi através de uma pesquisa no Google, que cheguei até aqui...
    Surpresa tamanha, pois, fora verificar quais resultados traria uma procura com o nome de nosso blog (meu e de minha esposa): Peripécias d'Além Mar. Claro que saiu seu texto sobre Istambul.
    Você conseguiu colocar-me dentro da história, descrevendo detalhes que só quem vive, sabe. Também, agora, quero ir até lá...
    Além desse texto, dei uma passada "d'olhos" em outros. Esplêndidos!
    Por isso, quero deixar esta marca-comentário, pois acaba de "ganhar" mais um leitor!

    Abraço

    Fabio C Guerra

    Se permite, deixo endereço de nosso blog: http://peripeciasdalemmar.blogspot.com

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