quinta-feira, 4 de junho de 2020

Giuliano Girondi
O vazio que há em nós!
Explicando Minions
A sensação de vazio é um sentimento primitivo de solidão inerente ao ser humano, que se cresce dentro de nós desde quando vivíamos em cavernas. Pois assim que aprendemos que a nossa sobrevivência dependia de pertencer a um grupo, logo começamos a nos estruturar em células famílires, depois em tribos, e então em cidades.
Nos últimos 100 anos houve uma estrondosa aceleração no crescimento das megalópoles, gerando maiores agrupamentos de pessoas, o que provavelmente tenha gerado um efeito de stress social por ter extrapolado a capacidade maxima de relações que o neocortex do cérebro humano consegue lidar em relacionamentos sociais emocionalmente estáveis. Ampliando assim a sensação de isolamento e estimulado uma maior necessidade de preenchimento.
Um estudo de psicologia evolucionária conhecido como Numero de Danbar explica que a capacidade humana de relacionamento social estável é de no máximo 250 pessoas, sendo 150 o numero confortável, e que ainda num circulo mais próximo e cotidiano essa relação se limita a no máximo 15 pessoas.
Sabemos que a doença do século não é o Covid, é a ansiedade, ligada a incapacidade de lidarmos com excessos de pressão, de relacionamentos e de informação. Ansiedade está intimamente ligada a depressão e stress. Quanto mais cresce a ansiedade, mais cresce nossa necessidade de compensar o desconforto de nos sentirmos incapazes de lidar com tudo sozinhos, ou seja, precisamos pertencer, nos sentirmos aceitos, voltar ao sensação primitiva de quando nos sentíamos seguros nas cavernas.
Ao mesmo tempo esse, quase fisiológico desejo de pertencimento também é o responsável pela liberação da ocitocina quando nos sentimos amados e em familia. É a resposta química do cérebro que causa a sensação de saciedade emocional. O problema é que este mesmo mecanismo quando em desequilíbrio, pode ficar desesperado pelo preenchimento dessa necessidade primal, se tornando um terreno fértil pra qualquer tipo de fanatismo!
Esse é um fator comportamental que pode ser manipulado usando algoritmos nas redes sociais com muita facilidade. Alem disso, o efeito das redes sociais que ampliaram nosso circulo re relacionamentos de forma rápida e desproporcional, também influenciou muito nesse comportamento.
Quando vc junta isso com fatores culturais e circunstanciais, o efeito pode gerar Minions de todos os tipos!
Cada um de nós deveria ser capaz de avaliar sua capacidade de enxergar através da fumaça e reconhecer isso, mas não funciona assim, sabemos. Mesmo pessoas que podem ser consideradas inteligentes não estão livres disso, pois sabemos que o cérebro primitivo está num nível fisiológico bem mais baixo do que a mente racional, ou seja suas decisões são comandadas pelo seu primata interior.
Sobre o contexto das circunstâncias vale ler a primeira parte dessa entrevista que o filósofo francês Gilles Lipovetsky concedeu em 2009 baseada no livro lançado em 1983 "A era do Vazio" não poderia ser mais atual.
https://domtotal.com/periscopio/237/2009/02/a-era-do-vazio/
Giuliano Girondi

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