domingo, 25 de março de 2012

SINDROME DE SUPER HOMEM.- Miguel Angelo

                                            

            Segundo Nietsche, “O homem é corda sobre o abismo entre o animal e o Super-Homem”. Esta é uma visão filosófica que merece consideração. Mas não é a este Super-homem que se vai referir este texto; minha intenção, neste momento, é trazer à tona os malefícios dessa leitura de heróis salvadores da humanidade: os Super Heróis .Viver fantasias é coisa maravilhosa no mundo infantil, mas há as fantasias construtivas e as destrutivas; o Super-Herói faz parte do segundo grupo. As histórias, que se inventam para as crianças, vão muito além do simples lúdico; elas formam uma mentalidade, uma cultura. Nada é indiferente; tudo tem seus reflexos na formação do caráter do adulto que essa criança um dia se tornará, e a figura do Super-Herói tende a criar uma sociedade de indivíduos que, acomodados em seus afazeres, deixam sempre para o Estado a solução dos eventuais problemas sociais. Ele não apreende que o Estado, seu representante, é eleito por ele, é uma parte dele, nasce dele.           
     Se, além de cobrar impostos, o Estado tem poder de requisitar cidadãos para um júri, para atuar junto às urnas nos plebiscito ou convocá-los em caso de guerra, o que significa isto? Significa que é legítimo o trânsito Estado/Indivíduo, ou seja, é um caminho de mão dupla: o cidadão tem que se submeter às leis e o Estado tem o dever de ouvi-lo e protege-lo. No entanto criou-se a mentalidade da dependência irresponsável: aquele que deveria ser um cidadão comporta-se como criança ignorante de seus direitos e deveres, um indivíduo simplista que só sabe que tem que pagar seus impostos e que é obrigado, em certas ocasiões, a votar.        
  O imaginário de heróis criou indivíduos não cidadãos, sem sentido crítico e facilmente manipuláveis por notícias falsas e/ou tendenciosas. Tais indivíduos, em sua infantilidade, só resmungam reclamações e jamais reclamam a quem de direito, pois vivem esperando a visita surpresa de um Super-Herói que tudo resolverá com seus super poderes. É patético, mas é a realidade, realidade que pode ser mudada com uma educação mais realista, onde as crianças se divirtam com histórias fantásticas mas que as preparem para a vida social; que fiquem espertas mas amigas; que não sigam a mentalidade imbecil que rolou na abertura do atual BBB, quando o panaca do apresentador - cujo nome omito por não merecer ser repetido – em sua primeira intervenção se dirige a um dos “heróis” e lhe pergunta qual dos demais candidatos lhe havia causado a pior impressão, ou seja, qual deles ele mais detestou. Simplesmente asqueroso!          
  Chega de podridão, de falsos heróis; mudemos o curso da história, vamos a um Respeito consciente do valor do outro, do diferente. Ingênuo é quem acredita no Super-homem. Quem acredita no Homem é sábio, pois sabe que, embora falho, o Homem é possível.      

3 comentários:

  1. EXCELENTE! DILA, muito bom mesmo! envie para os sites de escolas públicas, poderá auxiliar , em muito, os professores a reporem a história da humanidade nos trilhos.
    abraço,

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  2. Aí Negrão! parece que vc está pondo em prática tudo o que observou. Beleza, pena que a maioria ignara não comungue os mesmos pensamentos.
    Grande Abraço.

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  3. Adorei o argumento, consistente sem ser pretensioso. ..Muito bom msm...Também tinha que vir de um "Dilamar" risos..

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