por Miguel Angelo
presidente da Associação ECOS
PARÁ – BRASIL – CIDADANIA Sintetizar estes itens não me parece ser tarefa fácil, mas vou tentar. Se alguém te pergunta se és cidadão brasileiro, por certo dirás: Sim! Mas o que é um “Cidadão”? No Aurélio a definição é: “Indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado, ou no desempenho de seus deveres para com este.” Creio que aí cabe uma alteração, pois na minha concepção o “ou” deveria ser substituído por “e”, pois quem não assume os “deveres”, não merece ser citado como cidadão. Pois bem, após arvorar-me e apontar falha no Aurélio, parto para uma questão de justiça. Dias atrás, repassei, com elogios, um escrito do padre Antônio Vieira. Sem dúvida o escrito dele, altamente crítico, é belíssimo e, à época, garantiu a então necessária unidade do Estado do Pará. Reutilizado por José Ribamar B. Freire, revestiu-se de atualidade, inda mais que, como nunca, a roubalheira está atingindo níveis se sem-vergonhice: “Eu roubo, e daí?” No entanto estamos vivenciando um início de mudança na atitude dos brasileiros, sempre tão submissos e, agora, iniciando reações com sabor de democracia; primeiramente foi a enxurrada de denúncias, impensáveis enquanto o poder permanecia “à direita”, e, agora, o início de ações a partir da cobrança popular: o “Ficha Limpa” e, não demora, uma reforma no Congresso – questão de tempo. O Estado do Pará está às vésperas de um plebiscito que dirá se ele será dividido em três ou não. Se ocorrer a cisão, obviamente que haverá aumento nos custos administrativos, mas a questão, por este viés, é simplista, pois a questão humana não é meramente um conta aritmética. Se, para alegrar o povo brasileiro, trazemos a Copa, cujos custos já andam lá pelos R$72 bilhões, e por certo vão além, qual o problema em se criar dois novos estados que, se bem administrados – e aí é uma questão de educação de um povo que saiba fiscalizar seus governantes – poderão atender as necessidades de uma população que vive num território imenso, maior do que a soma de RJ, SP, PR, SC, RS e MS juntos? Nós, o resto do Brasil, não vamos votar naquele plebiscito, mas, se quisermos, posteriormente, fazer qualquer crítica às decisões tomadas pelos paraenses, temos que ser um mínimo informados; para isto estudamos geografia e história. Estudamos? Pelo menos deveríamos ter estudado e continuado estudando, pois, como alega o próprio Romário (quem diria?), “a ignorância é parceira da corrupção”. Para fazer justiça, agora envio, anexo, o escrito de Ana Célia Pinheiro, aliás muito bem escrito, que defende a criação de mais dois estados: Tapajós e Carajás. Lê-los é uma questão de cidadania. miguel angelo
O Plebiscito, o “paraensismo” e a vida severina de quem mora no Baixo-
Amazonas e no Sul e Sudeste do Pará.
Por: Ana Célia Pinheiro
Minha história é muito parecida com a de milhões de paraenses.
Meu avô materno era um maranhense que descendia de holandeses e que
acabou se casando com uma cabocla do Marajó. Meus avós paternos eram
portugueses.
Mas os meus pais, assim como eu e os meus irmãos nascemos e crescemos
como caboclos paraenses – e com sólidas raízes na Ilha do Marajó.
Adoramos açaí, farinha, pirarucu, maniçoba, manga, pupunha, cupuaçu. E
temos, também, um indisfarçável “nariz de batata”.